Como estimular a Criatividade e gerar Inovação
- Luciana Gouvea
- 16 de mai. de 2021
- 3 min de leitura

Hoje me peguei em uma manhã de domingo deitada no sofá da sala sem fazer nada. Absolutamente nada. Sozinha, em silêncio, com a companhia do cachorro e todas as urgências de lado me ocorreu o pensamento sobre o conceito do ócio criativo e todas as suas benesses.
Me lembrei do tempo de criança e sobre a capacidade criativa que somente na infância transborda. Uma caixa de papelão vira foguete, navio, casa... o que for, porque na cabeça das crianças a imaginação não tem limites.
Aos poucos vamos limitando nossa capacidade criativa, seja pela racionalização dos fatos ou pelo processo de amadurecimento natural que nos leva a materializar e questionar o que é possível do que não é.
E é à partir desse raciocínio que me recordei de treinamentos voltados ao estímulo da criatividade, para profissionais de diversas áreas. Neles são propostas ações e atividades muito parecidas com as da nossa diversão de infância. Transforme esse círculo em dez imagens diferentes o tomando como base... conte a história desse sapato que tenho em mãos... deixe sua mente livre para criar.
É importante ressaltar que a inovação, que tanto buscamos à fim de tornar nossas empresas mais competitivas e promissoras, advém da criatividade. São dois ou três passos para trás, onde uma ideia surge, muito à partir de divagação, observação ou estudo e se torna uma inovação em definitivo quando é possível materializar essa ideia. Quando literalmente ela sai do papel e ganha vida, ou seja, pode ser extremamente criativa mas tem de ser realizável.
Ainda essa manhã me lembrei do exemplo da menina Alice, um fenômeno nas redes sociais, com seus dois anos recém comemorados. A Alice é um encanto! Tem a capacidade de falar palavras grandes e difíceis de pronunciar (ainda mais quando se tem dois anos!), conta estórias imaginárias, que ela mesma cria, à partir da vista da janela que fica contemplando por um tempão, quietinha... E onde quero chegar com essa reflexão? Será que nossa capacidade criativa cada vez mais “enjaulada” seja reflexo de nossa falta de contemplação? Somos hiperestimulados o tempo todo. Mil telas, mil compromissos, mil informações. E se caso não sei de alguma me sinto desatualizada, perdida. Pode ser...
Tenho um amigo que dedica uma hora ao menos por semana para ouvir música. Ele senta e simplesmente ouve a música. Fica viajando em cada instrumento, compasso... Você já fez isso? Confesso que eu nunca. Há sempre o som ligado ao fundo, dentro do carro, mas nunca de forma exclusiva.
Me lembrei também de uma entrevista em que o técnico da seleção brasileira de futebol, o Felipão, afirmava que lavar a louça do jantar era a maneira de se organizar e encontrar as melhores soluções e estratégias para os jogos.
A criatividade não é funcionária CLT, com hora certa para agir , ela acontece nos momentos em que estamos mais livres, despreocupados. A criatividade não tem compromisso com assertividade ou resultados, ela só acontece. Quando você observa os carros na rua através da janela, quando lava a louça do jantar, enquanto ouve uma boa música. A criatividade não tem compromisso com o acerto. A inovação sim.
Porque inovar é preciso, mas antes de inovar é preciso voltar três passinhos, se dar a oportunidade do ócio, da divagação, de fazer uns rabiscos, tomar um café com os amigos...
O melhor ainda está por vir, basta se permitir!
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